quarta-feira, 15 de abril de 2020

OPINIÃO - Quando a inteligência e a consciência sucumbem à submissão e à bajulação; por Dalvan José

Assim como no passado, atualmente está sendo cada vez mais comum constatar ocasiões em que a submissão e a bajulação se sobrepõem à inteligência e à consciência, notadamente de quem mais se espera que o equilíbrio racional faça parte da conduta de vida. Grandes nomes do jornalismo brasileiro, em especial, e das mais diversas searas do conhecimento estão se submetendo ao vexame de concordar com absurdos ditos ou feitos por quem ocupa uma posição hierarquicamente superior ou de prestígio mais elevado e por quem defende estes.


Boa parte das instituições midiáticas abandonaram os princípios de isonomia e da defesa da verdade para se calar diante de inventadas verdades de representantes e membros das instituições que compõem a sociedade brasileira.

É notório o comportamento dessas pessoas, que mesmo sabendo da verdade, se fazem de cegas e acatam opiniões e ações que são verdadeiras somente do ponto de vista daqueles que as realizam. O ato de discordar, de quem quer que seja, deve ser exercitado de forma consciente e livre, primordialmente quando o que estiver em jogo for o bem comum, o bom senso e a racionalidade. Mas alguns indivíduos fazem questão de fazer “vista grossa” a esse princípio básico da honradez e, em nome da bajulação vergonhosa, se prestam a apoiar o que jamais apoiariam se estivessem em condição de imparcialidade ou pelo menos neutra.

Não se trata de não ter direito a ter um lado, mas de ter racionalidade, mesmo tendo um lado. O problema, na realidade, é ter um lado por força de interesses pessoais ou por questões meramente politiqueiras ou levadas por convicções equivocadas e superficiais. E estar sob essa condição deixa as pessoas completamente atreladas a algo que não provém da sua própria convicção. Nesses casos, não se usa mais a razão ou a consciência. Não se enxerga mais o foco real, pois o foco projetado por quem está no topo é o que deve ser visto, custe o que custar. A razão e a verdade são abandonadas em nome da bajulação e do subjulgamento.

É lamentável ver pessoas, das mais simples as mais instruídas, concordando com algo só porque estão na condição de subserviência a quem está no comando ou porque alegam que aquilo ou aqueles são a nova era, a nova sociedade. Pior mesmo é ver que, no fundo, essas pessoas sabem da verdade e gostariam de propagá-la, mas por conta da posição medíocre de subordinação não o fazem, jogando fora a honra e o caráter que sempre as seguiram em sua tragetória.

Como se não bastasse tais condutas serem práticas comuns entre “qualquer do povo”, de onde se aparenta serem movidas mais por falsas esperanças, esses comportamentos são recorrentes entre autoridades dos poderes constituídos da república. Estas se comportam como se não fizessem parte de um determinado poder. Não usam a indumentária do cargo e do poder que lhes são atribuídos e não seguem o protocolo que pedem a função e a instituição. Agem por conveniência política própria ou para agradar um determinado lado ou pessoa. Em nome do jogo da bajulação política mesquinha, esquece-se o princípio da separação dos poderes, por exemplo, e esquece-se também da própria consciência e de princípios básicos do homem médio.

Por fim, não se está aqui condenando aqueles que escolheram um lado por diversos e justificáveis motivos. O que se questiona é a atitude de dizer sim aos equívocos e verdades criadas ou deturpadas  e propagadas por quem está na chefia dos subservientes. E ser subserviente não configura erro ou crime, muito menos imoralidade ou falta de ética. Ser imoral e antiético é baixar e cabeça e dizer amém a atos cometidos que vão de encontro à verdade e ao bem da sociedade. O exercício do direito à liberdade de expressão,  de escolha e de manifestação do pensamento deve ser exercido com plenitude, mas em conjunto com a dignidade e a integridade que devem ser inerentes a todo cidadão. 


Autor: Professor Dalvan José.

Um comentário:

  1. Mas, isso é o que move o mundo.
    A CONVENIÊNCIA!
    Por critérios financeiros se esquece até ensinamentos de berço, se navega do barco da bajulação, basta olha ao redor.

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