domingo, 1 de março de 2020

Zezinho Moreira, o pioneiro da Rádiodifusão em Brejo Santo; por Paulo Gondim

Paulo Gondim

Confira o Texto que o escritor Paulo Gondim nos enviou. 


Zezinho Moreira, o pioneiro da Rádiodifusão em Brejo Santo.


No início de fevereiro de 2012, O Rádio de Brejo Santo perdeu seu precursor. Fomos surpreendidos com a passagem prematura de ZEZINHO MOREIRA, o pioneiro da Rádiodifusão em Brejo Santo. 

Quem não se lembra dos auto falantes da Praça e em cima dos prédios do comércio? Eram poucos. Nem sequer chegavam a meia dúzia, mas a cidade também era pequena e o Centro Regional de Publicidade de Brejo Santo, era a voz da cidade e alegrava as pessoas com suas músicas românticas e anúncios do comércio e dos filmes do Cine Alvorada. 

Era o inicio dos anos 60. Zezinho Moreira foi criado em Brejo Santo, cuja família tinha sua origem no Pernambuco. Em Brejo Santo, Passou toda sua existência. Homem simples, muito educado, sem que ninguém possa dizer que Zezinho Moreira tenha se exaltado e maltratado alguém. Deixou saudade e muitos amigos. Lembro-me bem dele trabalhando como vendedor da Casa Seleta, a primeira loja de eletrodomésticos da cidade. 

Grande para os padrões da época, num prédio de segundo andar, como se costuma dizer na localidade, construído por Mestre Mundinho. Tempos depois, lá se instalou a loja A Pernambucana. Com a chegada da Casa Seleta, veio com ela um conjunto de aparelhos de Audiodifusão. Coisa simples: Um amplificador, um microfone e umas duas cornetas, que a gente chamava de difusora. 

Quando a difusora tocava, era sinal de alegria. Salvo melhor engano, esses aparelhos pertenciam a Evandro Salviano, com uma farta discoteca, puxada por seu maior ídolo, Caubi Peixoto. Havia locutores responsáveis pela programação normal, mas quando chegava a época do Carnaval, Zezinho Moreira, com sua voz peculiar, tomava o microfone e chamava os foliões para os "Gritos de Carnaval". 

Tempos depois, Zezinho Moreira Passou a ser o proprietário do Serviço de Auto Falantes da Casa Seleta, dando início à Radiodifusão profissional, em Brejo Santo. Foi dele a ideia de se anunciar os funerais e, como comunicador, passou a ser o mestre de cerimônia dos festejos oficiais da Cidade. Com a facilidade dos novos tempos, Zezinho Moreira conseguiu instalar uma emissora de rádio de baixa frequência, que atingia um raio de 15 km, mas por falta de recursos e incentivo, a ideia acabou abortada. 

Continuou com o Centro de Publicidade, que por razões que não se entendem, não se atualizou e acabou sendo sufocado pelas novas tecnologias. Mas Zezinho Moreira fez história na publicidade e deixou seguidores, como o Velho Mendes, da Mendes Publicidade, o saudoso Hélio Nicodemos e, modestamente eu, que fiz minhas primeiras incursões na radiodifusão, através de Centro Regional de Publicidade de Brejo Santo, juntamente com o amigo Hélio Nicodemos. 

Na verdade, eu cobria as faltas do Hélio para ele namorar. Nos três dias de carnaval, a grande Paixão de Zezinho Moreira, ele se vestia de oficial da Marinha, todo de branco, inclusive os sapatos e saía com seus amigos pelos Bares da Praça. Era uma turma animada! Ele, Eduardo Fraklaite, Nezim Dubrêu, Chico Tavares e outros. Nessa época, A caldeira do Inferno tava começando a acender seu fogo. Seu Cão Mor, o Comendador Chico de Sinézio, era apenas um rapazola. Havia, também, o Bar da Casa Seleta e a Sorveteria, onde foi a primeira sede do Banco do Brasil. 

A caldeira do Inferno era o ponto de partida da folia. Zezinho Moreira foi um dos criadores do Bloco Calhambeque, que funcionava no local onde hoje, é o prédio da Macavi. Lá, antes, funcionara um cinema, transformando-se num salão de bailes populares. As festas, lá, eram mais animadas, segundo conta Chico Tavares, também, um dos fundadores do Bloco Calhambeque. 

O carnaval de Brejo Santo deve muito a Zezinho Moreira, assim como o Rádio. Um cidadão com uma história bonita dessas, não poderia passar despercebido no Rádio Atual e nos Carnavais de Brejo Santo. Seus amigos e os filhos de seus amigos, como João Dubrêu, seu discípulo Velho Mendes e todos que tiveram o prazer de conviver com Zezinho Moreira vêm expressar sua admiração. Seu falecimento deixou muita saudade no povo de Brejo Santo.


Por: Paulo Gondim


Nordestino, do sertão da Paraíba, viveu em Brejo Santo, no Ceará, onde foi um dos fundadores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

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