quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Diversidade regional da língua portuguesa pode se tornar obrigatória nas escolas

Guimarães é autor do projeto / Foto: Divulgação
A literatura de cordel, as canções populares e as frases de para-choques de caminhões integram um tipo de comunicação peculiar, resultado de tradições centenárias. Uma proposta legislativa em tramitação na Câmara dos Deputados pode tornar esse assunto parte do currículo lecionado nas escolas brasileiras. De acordo com o Projeto de Lei (PL) nº 349/2020, o ensino da Língua Portuguesa passaria a abordar conteúdos e temas relativos à diversidade linguística regional.


O objetivo do PL, cujo autor é o deputado federal José Guimarães (PT/CE), é promover a valorização das manifestações culturais dos segmentos populares da sociedade brasileira. Embora a Língua Portuguesa seja o idioma oficial do país, o parlamentar argumenta que o Brasil possui uma gigantesca diversidade linguística, resultado do processo histórico de contribuições étnico-culturais de matrizes indígenas, europeias e africanas.

“O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) estima que mais de 250 línguas sejam faladas no Brasil. Até mesmo o Português tem variedades regionais. Esse patrimônio cultural é desconhecido por grande parte da população, que, muitas vezes, considera o Brasil um país monolíngue. É preciso que esse debate chegue na sala de aula”, defende o petista.

Caso seja aprovado, o projeto vai alterar a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”. Guimarães ressalta que a proposta dialoga com a “folkcomunicação”, campo de estudos proposto pelo pesquisador Luiz Beltrão. A tese leva em conta a troca de ideias e opiniões entre as pessoas das camadas populares, incluindo grupos sociais rurais e urbanos, marginalizados social e culturalmente, sem acesso ou sem representação nos meios de comunicação tradicionais.

“Estamos falando de linguagens que se fazem presentes na vida cotidiana de muitas pessoas e não podem ser desconsideradas no estudo da Língua Portuguesa na escola básica”, argumenta o parlamentar.

Leia o PL nº 349/2020 na íntegra: http://bit.ly/37CwdnX

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