sexta-feira, 24 de agosto de 2018

WALDICK SORIANO NA VAQUEJADA DE BREJO SANTO; Por Hérlon Fernandes

Na semana de aniversário de Brejo Santo, trazemos para você, leitor do blog, mais um belíssimo texto, dessa vez, Hérlon Fernandes escreve sobre o show de Waldick Soriano na Vaquejada de Brejo Santo

Waldick Soriano, Tôta Fernandes (mãe de Hérlon), Pedro Marley e Professor Gê / Foto: Acervo Pessoal

As festas alusivas ao aniversário do município sempre foram esperadas com muita expectativa. 

A vaquejada de Brejo Santo costumava nos brindar com artistas dos mais variados.

Naquele ano (1998?), houve uma atração surpresa. Se a memória não me falha, anunciaram no domingo à tarde que Waldick Soriano iria se apresentar no palco, logo mais à noite!

Quando ouvi o carro de som anunciar essa novidade, corri para avisar minha mãe! 

Ela não acreditou. Achava que eu estava de brincadeira. Pedi para ligar o rádio, que certamente corroboraria minha notícia! Não deu outra: era verdade, sim! Pronto. Foi o suficiente para ela não conseguir fazer mais nada em casa, pensando em ter de ir para esse show!

Waldick era um ícone de sua juventude, um artista que embalou seu romance; histórias de amor de suas irmãs; nostalgias guardadas do Cine Alvorada, que exibia filmes desse artista inusitado. A oportunidade de encontrá-lo seria o mesmo que vivificar tudo isso.

Corri a desenterrar alguns discos de vinil riscados pelo tempo e começamos a ouvir sucessos, como Tortura de Amor, A carta, A Dama de Vermelho... 

Eu tinha aprendido a gostar daqueles boleros carregados de paixão, de dolorosas desilusões... fazia parte de minha educação sentimental, digamos assim. 

Pai chegou do trabalho e mãe, toda efusiva, não demorou a intimá-lo a irem para o show. Ele, enfadado da labuta, disse que não teria quem fizesse ele arredar o pé de casa. Foi um balde de água fria... Nós nos olhamos e, em cumplicidade, dissemos: Vamos juntos!

Caía uma friagem gostosa e atípica que contrastava com a poeira levantada naquele assentamento que era a vaquejada ali no bairro São Francisco. Chegamos cedo, muito antes do show, na tentativa de poder encontrar Waldick!

Uma multidão começou a lotar o espaço. Convenci mãe para que a gente se colocasse atrás do palco, porque ali deveria haver algum camarim para dar apoio ao artista. Não deu outra. Encontramos alguns seguranças que me confirmaram a presença do cantor. 

- Moço, deixe a gente entrar para tirar uma foto com Waldick! Minha mãe é fã dele desde menina! É um sonho dela poder conhecê-lo.

Nesse momento avistamos um amigo do meu pai, lá de dentro do camarim. Era Wanderley da COELCE, um boêmio de Brejo Santo, amante da boa música, que ao nos ver já nos puxou para dentro. Minha mãe, nesse momento, parecia que havia alcançado o Olimpo, estava paralisada.
Waldick Soriano na Vaquejada de Brejo Santo / Acervo Pessoal

Waldick Soriano estava de costas, servindo-se de um litro de uísque, do qual ele já deveria ter tomado pelo menos a metade. 

Alguém cuidou de anunciar a presença dessa insistente fã. Ele se virou, como um verdadeiro latin lover. Era imenso. Tinha um quê de Clark Gable baiano, um Tony Benett sertanejo, um Lucho Gatica bem brasileiro. Tratou daquela fã como se fosse uma adolescente, beijou-lhe a mão, depois o rosto e abraçou-a com carinho. 

Ali já não era mais minha mãe, era uma garota que havia recobrado sua juventude na mágica daquele artista. 
Não perdi a oportunidade de dizer o quanto éramos seus fãs. Waldick recendia uísque e um perfume almiscarado. Por fim, ele anunciou que veríamos o show de cima do palco, como convidados especiais.

Foi uma noite inesquecível, eternizada em duas fotografias e na memória do coração, onde tudo tem mais cor, calor e brilho.

Hérlon Fernandes Gomes

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