quinta-feira, 30 de novembro de 2017

No México, Jesuíta Brejosantense fala sobre as Irmãs Sacramentinas

Com exclusividade ao nosso Blog, o Jesuíta e Brejosantense Jefferson Amorim, escreve um belíssimo texto sobre as Irmãs Sacramentinas.


Jefferson saiu de Brejo Santo em 2007 para fazer faculdade em João Pessoa, lá fez o processo vocacional com os Jesuítas, e entrou na Companhia em 2008. Hoje ele mora  em Guadalajara no México.

Confira:

Cresci os meus primeiros seis anos de vida na “Rua da Igreja” e posso dizer que desde cedo as Irmãs Sacramentinas marcaram presença no meio imaginário religioso. Era muito comum vê-las passar por algumas das calçadas daquela rua, pela pracinha da Igreja ou mesmo encontrá-las na celebração da Eucaristia. Contudo, meu primeiro contato com as irmãs se deu no tempo da catequese. Lembro muito bem que em 2000, ano da minha 1ª Comunhão, a Ir. Cislene era responsável de acompanhar a catequese. Foram três meses de ensaios e preparação para a celebração tão esperada e era ela que coordenava tudo.

Depois de alguns anos e já na preparação para a Confirmação, passei a integrar o grupo de jovens JUPS (Jovens Unidos Para Servir). Era o ano de 2003. Neste grupo, conheci algumas amigas que me levaram a conhecer às irmãs. E com elas me envolvi mais nas atividades pastorais da comunidade: grupo de jovens, Fraternidade Eucarística Jovem, círculo bíblico na comunidade do Emboque, celebrações da Palavra no Alto da Bela Vista, Gincana Bíblica, Pastoral Vocacional... para citar algumas atividades. E em poucos anos pude conhecer e trabalhar com várias delas: Ir. Vera Lúcia, Ir. Alcione, Ir. Eunice, Ir. Gilma, Ir. Teresa Cristina, Ir. Perpétua. E outras com quem tinha contato no cotidiano de nossas atividades: Ir. Cristina Maria, Ir. Ivaneida, Ir. Andréia.

Claro que metido em tantas atividades e envolvido na comunidade eclesial da Paróquia do Coração de Jesus, também surgiu em minha vida a pergunta vocacional. O ano de 2006 foi decisivo para mim, porque estava terminando o Ensino Médio e carregava ocultamento o desejo de responder a uma pergunta que não cessava de calar em meu coração: o que é que Deus quer de mim?

Sou consciente de que a relação com as irmãs, com a espiritualidade que elas nos comunicavam, o estilo de vida e tudo que aprendi com elas foi determinante no momento de responder ao apelo vocacional que trazia. Por quê? Porque na hora de decidir minha opção de vida na Igreja foi o testemunho de vida religiosa delas que me levou a desejar ser religioso.

E veio outra questão: para onde seguir, já que há tantos carismas e congregações religiosas masculinas na Igreja? E nisso elas também tiveram um peso importante. Foi através das Sacramentinas que conheci a Companhia de Jesus (Jesuítas), ordem religiosa a qual pertenço desde 2008. E essa decisão só fez fortalecer ainda mais meu bem-querer e minha relação com as Religiosas do Santíssimo Sacramento. A cada visita ao Brejo, sempre buscava encontrá-las e visitá-las: Ir. Josefa, Ir. Antônia, Ir. Clívia... Sem contar todas as outras que pude conhecer nas cidades onde morei no meu processo de formação na Companhia de Jesus.

Não sei o que teria passado se tivesse feito outra opção de vida. Sinto-me muito feliz na decisão que tomei e devo muito de todo esse caminho ao que pude conhecer e aprender com as Sacramentinas. Uma vocação na Igreja não é um dom particular e privado, que aquele que recebe guarda em um cofre e se deleita sozinho com ela. Uma vocação na Igreja é um dom que se coloca a serviço, para que outros dons possam florescer e que cada pessoa possa encontrar, junto a essa vocação, sua própria vocação. Por isso compreendo que a vocação que acolhi não é minha: é também da comunidade eclesial da qual saí e na qual fui confirmado; está constituída por todos os que me formaram e me ajudaram a ser quem sou, e nesse sentido posso dizer que a vocação que assumo é também de cada Sacramentina que encontrei no meu caminho.


Acredito que a decisão das irmãs é fruto de um longo processo de busca da vontade de Deus, marcada pela oração e pelo discernimento. As Sacramentinas fizeram muito por Brejo Santo. Prova disso é que Deus quis manifestar na miraculada do Pe. Vigne, a sra. Ivanira, a sua alegria pelo intercâmbio de dons de caridade e serviço na dedicação das irmãs ao povo de nossa terra. Contudo, é preciso partir! Como o fundamento de nossa vida é o Jesus que contemplamos nos Evangelhos, a vida de um religioso é um contínuo “seguir para as aldeias da redondeza” (Mc 2, 38), estar disponível a sempre buscar o que Deus quer hoje, ir ao encontro do povo onde há mais necessidades, onde há mais urgência, ajudar onde há mais dores e cruzes e favorecer que mais pessoas possam desenvolver a sensibilidade para encontrar os sinais de Deus em suas vidas. Assim, inspiradas pelos apelos do Papa Francisco de uma Igreja em saída, as irmãs deixam Brejo Santo. E creio que poderão partir com a convicção de que os frutos são muitos.

O que eu desejo às Religiosas do Santíssimo Sacramento é que Deus as confirme e as fortaleça. E que a ida das irmãs fortaleça os vínculos de união e caridade fraterna de nossa comunidade paroquial. Serei sempre grato ao que as irmãs são e foram capazes de fazer por nós brejosantenses. Não poderei esquecer jamais que foi na contemplação do mistério da cruz e da Eucaristia, na companhia silenciosa e cheia de aconchego do Santíssimo Sacramento que descobri a amizade de Jesus e, por consequência, a vocação religiosa. Meu abraço e minhas orações!

Jerfferson Amorim de Souza, sj


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