Com exclusividade ao nosso Blog, o Jesuíta e Brejosantense Jefferson Amorim, escreve um belíssimo texto sobre as Irmãs Sacramentinas.
Jefferson saiu de Brejo Santo em 2007 para fazer faculdade em João Pessoa, lá fez o processo vocacional com os Jesuítas, e entrou na Companhia em 2008. Hoje ele mora em Guadalajara no México.
Confira:
Cresci
os meus primeiros seis anos de vida na “Rua da Igreja” e posso dizer que desde
cedo as Irmãs Sacramentinas marcaram presença no meio imaginário religioso. Era
muito comum vê-las passar por algumas das calçadas daquela rua, pela pracinha
da Igreja ou mesmo encontrá-las na celebração da Eucaristia. Contudo, meu
primeiro contato com as irmãs se deu no tempo da catequese. Lembro muito bem
que em 2000, ano da minha 1ª Comunhão, a Ir. Cislene era responsável de
acompanhar a catequese. Foram três meses de ensaios e preparação para a
celebração tão esperada e era ela que coordenava tudo.
Depois
de alguns anos e já na preparação para a Confirmação, passei a integrar o grupo
de jovens JUPS (Jovens Unidos Para Servir). Era o ano de 2003. Neste grupo,
conheci algumas amigas que me levaram a conhecer às irmãs. E com elas me
envolvi mais nas atividades pastorais da comunidade: grupo de jovens,
Fraternidade Eucarística Jovem, círculo bíblico na comunidade do Emboque,
celebrações da Palavra no Alto da Bela Vista, Gincana Bíblica, Pastoral
Vocacional... para citar algumas atividades. E em poucos anos pude conhecer e
trabalhar com várias delas: Ir. Vera Lúcia, Ir. Alcione, Ir. Eunice, Ir. Gilma,
Ir. Teresa Cristina, Ir. Perpétua. E outras com quem tinha contato no cotidiano
de nossas atividades: Ir. Cristina Maria, Ir. Ivaneida, Ir. Andréia.
Claro
que metido em tantas atividades e envolvido na comunidade eclesial da Paróquia
do Coração de Jesus, também surgiu em minha vida a pergunta vocacional. O ano
de 2006 foi decisivo para mim, porque estava terminando o Ensino Médio e
carregava ocultamento o desejo de responder a uma pergunta que não cessava de
calar em meu coração: o que é que Deus quer de mim?
Sou
consciente de que a relação com as irmãs, com a espiritualidade que elas nos
comunicavam, o estilo de vida e tudo que aprendi com elas foi determinante no
momento de responder ao apelo vocacional que trazia. Por quê? Porque na hora de
decidir minha opção de vida na Igreja foi o testemunho de vida religiosa delas
que me levou a desejar ser religioso.
E
veio outra questão: para onde seguir, já que há tantos carismas e congregações
religiosas masculinas na Igreja? E nisso elas também tiveram um peso
importante. Foi através das Sacramentinas que conheci a Companhia de Jesus
(Jesuítas), ordem religiosa a qual pertenço desde 2008. E essa decisão só fez
fortalecer ainda mais meu bem-querer e minha relação com as Religiosas do
Santíssimo Sacramento. A cada visita ao Brejo, sempre buscava encontrá-las e
visitá-las: Ir. Josefa, Ir. Antônia, Ir. Clívia... Sem contar todas as outras
que pude conhecer nas cidades onde morei no meu processo de formação na
Companhia de Jesus.
Não
sei o que teria passado se tivesse feito outra opção de vida. Sinto-me muito
feliz na decisão que tomei e devo muito de todo esse caminho ao que pude
conhecer e aprender com as Sacramentinas. Uma vocação na Igreja não é um dom
particular e privado, que aquele que recebe guarda em um cofre e se deleita
sozinho com ela. Uma vocação na Igreja é um dom que se coloca a serviço, para
que outros dons possam florescer e que cada pessoa possa encontrar, junto a
essa vocação, sua própria vocação. Por isso compreendo que a vocação que acolhi
não é minha: é também da comunidade eclesial da qual saí e na qual fui
confirmado; está constituída por todos os que me formaram e me ajudaram a ser
quem sou, e nesse sentido posso dizer que a vocação que assumo é também de cada
Sacramentina que encontrei no meu caminho.
Acredito
que a decisão das irmãs é fruto de um longo processo de busca da vontade de
Deus, marcada pela oração e pelo discernimento. As Sacramentinas fizeram muito
por Brejo Santo. Prova disso é que Deus quis manifestar na miraculada do Pe.
Vigne, a sra. Ivanira, a sua alegria pelo intercâmbio de dons de caridade e serviço
na dedicação das irmãs ao povo de nossa terra. Contudo, é preciso partir! Como
o fundamento de nossa vida é o Jesus que contemplamos nos Evangelhos, a vida de
um religioso é um contínuo “seguir para as aldeias da redondeza” (Mc 2, 38), estar
disponível a sempre buscar o que Deus quer hoje, ir ao encontro do povo onde há
mais necessidades, onde há mais urgência, ajudar onde há mais dores e cruzes e favorecer
que mais pessoas possam desenvolver a sensibilidade para encontrar os sinais de
Deus em suas vidas. Assim, inspiradas pelos apelos do Papa Francisco de uma
Igreja em saída, as irmãs deixam Brejo Santo. E creio que poderão partir com a
convicção de que os frutos são muitos.
O
que eu desejo às Religiosas do Santíssimo Sacramento é que Deus as confirme e
as fortaleça. E que a ida das irmãs fortaleça os vínculos de união e caridade
fraterna de nossa comunidade paroquial. Serei sempre grato ao que as irmãs são
e foram capazes de fazer por nós brejosantenses. Não poderei esquecer jamais
que foi na contemplação do mistério da cruz e da Eucaristia, na companhia
silenciosa e cheia de aconchego do Santíssimo Sacramento que descobri a amizade
de Jesus e, por consequência, a vocação religiosa. Meu abraço e minhas orações!
Jerfferson
Amorim de Souza, sj
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