quinta-feira, 9 de abril de 2020

Welington Landim, uma ausência sempre presente; por Paulo Gondim

Paulo Gondim escreve hoje sobre Welington Landim, in memória.



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Dr. Welington Landim
A vida é mestre em nos pregar peças. Somos surpreendidos a cada dia com fatos que não gostaríamos de presenciar e, muitos deles, são um verdadeiro choque, diante da realidade fria e crua. São circunstâncias que nos fazem pensar, avaliar e questionar até coisas que não nos são dadas a entender, mas simplesmente aceitar. 

Algumas na verdade, são mesmo difíceis de serem aceitas e fica a pergunta no ar: POR QUÊ?  E por mais que se filosofe, a resposta não vem. E, aí, resta o vazio, a dor que não tem fim e como se costuma dizer: SEM CHÃO. Assim foi a partida prematura de nosso amigo, sim, amigo, a palavra que melhor encontro para dizer sobre Welington Landim, o Dr. Welington, como era chamado e admirado por seu povo. 

Médico por vocação, Político por opção e, acima de tudo, homem simples, homem de bem. Sua ausência entre nós deixa uma grande tristeza e vai demorar até que a dor se amenize. Serão dias de grande abatimento. Conheci o Dr. Welington Landim, quando ainda éramos meninos. 

Eu o via sempre na rua Santa Terezinha, correndo nas calçadas. Era comum vê-lo assim, à vista de sua mãe, que ficava na porta, com outra criança nos braços. Isso, no inicio dos anos sessenta. Ele deveria ter uns cinco anos. Seu pai, Ivan Landim, já tinha sua farmácia e era considerado o médico dos pobres. Eram tempos muito difíceis. 

A cidade era muito pequena, sem recurso e havia uma pobreza muito escancarada. Era comum ver seu Ivan atendendo aos chamados de pessoas doentes, debilitadas, a maioria pela fome, e lá estava ele, pelo menos vendo essas pessoas e ministrando algum remédio. Surgia ali a vocação da família Landim para a medicina. 


O tempo passou e a vida nos reservou rumos diferentes e reencontrei Welington Landim,  quase trinta anos depois, já médico e eleito prefeito de Brejo Santo. Depois da posse, pude testemunhar tempos de esperança e progresso na cidade de Brejo Santo. Além dos avanços que o município recebeu, a família se dedicou à construção de um hospital, obra tão necessária para a região. 

O Dr. Welington ousou voos mais altos e se elegeu Deputado Estadual, tronando-se a maior liderança que o Cariri já teve. O sucesso não lhe subiu à cabeça e continuou com a simplicidade que os grandes homens sabem cultivar. Nunca deixou de defender os interesses dos mais humildes, dos necessitados, culminando com sua defesa incansável da obra das transposição das águas do rio São Francisco para o Sertão.

Por último, teve a coragem de defender o governo federal, quando a maioria desinformada apedrejava. Mas como se diz, cada um dá o que tem. E ele mais uma vez estava certo. Homem de visão, preparou seu filho Guilherme para dirigir os destinos da Cidade de Brejo Santo, tornando-a uma das mais promissoras do Sertão Nordestino, e primeiro lugar no Brasil na Educação. 

A exemplo de Seu Pai, Ivan Landim, Dr Welingtom e os familiares optaram por construir um hospital, para atender o povo simples da região. Poderiam ter-se valido da medicina como comércio, para angariar riqueza e investir em fazendas ou outros meios que lhe trouxessem retorno mais seguro e imediato. Mas não. O DNA do pai, seu Ivan, falou mais alto. 

Optaram por servir ao povo, justo num dos pontos mais vulneráveis: a saúde. Infelizmente, num desses golpes da sorte, o que a minha parca sapiência não me permite discutir, nosso grande líder foi tragado por uma enfermidade, que o levou ao túmulo.  Foram dez dias de agonia para a família, seus amigos e o povo, que ele tanto amou e defendeu.  Com a morte de Welington Landim, fica um vazio enorme, mas permanece a certeza de seu dever cumprido, o exemplo a ser seguido e a confirmação de que a humanidade tem jeito. 

A família perdeu um membro. O povo simples de Brejo Santo e região perdeu um pai. A política perdeu um deputado sério. O mundo ficou menor. Vá em paz, grande guerreiro! Que seu sorriso continue dando força para seus familiares, amigos e o povo em geral, ora órfãos, continuarem a luta que você começou de ver a desigualdade social ser diminuída.



(Paulo Gondim, São Paulo, 2015)

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