segunda-feira, 27 de abril de 2020

Em carta a Bolsonaro, delegados da PF apontam 'crise de confiança' e 'instabilidade' para novo diretor

Foto: Jorge William
Em uma carta aberta destinada ao presidente Jair Bolsonaro divulgada neste domingo, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) fez duras críticas às tentativas de interferência na Polícia Federal, apontou uma "crise de confiança" na indicação do novo diretor-geral e pediu ao presidente um compromisso na aprovação da autonomia e do mandato para o cargo de chefe da instituição.



O documento alerta ainda a Bolsonaro que as investigações e os relatórios de inteligência da PF são sigilosos e não existe nenhuma previsão do fornecimento de informações diárias à Presidência, como o próprio Bolsonaro admitiu que queria. Diz também que não cabe à instituição produzir "um resultado específico desejado" na investigação sobre a facada contra Bolsonaro e que as solicitações de investigações feitas pelo presidente devem respeitar os canais hierárquicos e as formalidades do serviço público.


A carta da ADPF simboliza a gravidade do momento e das acusações feitas pelo ministro Sergio Moro. A associação costuma se pronunciar em um documento desse tipo apenas em momentos que considera sensíveis. O documento será encaminhado formalmente a Bolsonaro. O clima interno na PF tem sido de desconfiança sobre a indicação do novo diretor-geral após as acusações feitas por Sergio Moro em seu pedido de demissão.


"Da maneira como ocorreu, há uma crise de confiança instalada, tanto por parte de parcela considerável da sociedade, quanto por parte dos delegados de Polícia Federal, que prezam pela imagem da instituição. Nenhum delegado quer ver a PF questionada pela opinião pública a cada ação ou inação. Também não quer trabalhar sob clima de desconfianças internas. O contexto criado pela exoneração do comando da PF e pelo pedido de demissão do ministro Sérgio Moro imporá ao próximo Diretor um desafio enorme: demonstrar que não foi nomeado para cumprir missão política dentro do órgão. Assim, existe o risco de enfrentar uma instabilidade constante em sua gestão", diz um trecho do documento.


*Fonte: O GLOBO

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