domingo, 29 de março de 2020

Sessão Nostalgia – Liceu – 20 anos – Tenho saudades; por Silvinho Neto

Nos idos anos 2000 um dos mais modernos colégios públicos do Ceará se instalava em Brejo Santo, advindo de um programa de governo que prometia construir diversas dessas unidades modelo em todo Estado. Nossa cidade foi uma das primeiras a receber a obra que adotava um nome bem significativo – Liceu – Palavra grega que designa entre outras coisas, a escola filosófica fundada por Aristóteles. 


Era um final de tarde quando foi descerrada a placa de inauguração do Liceu. Um dia muito festivo e comemorado ao som da banda Capital do Sol. Então, findadas as comemorações, era tempo dos pais correrem para matricular seus filhos naquela que seria a melhor escola da região.

De iniciou houve algumas limitações técnicas quanto ao próprio termino do colégio e questões burocráticas do corpo docente e até mesmo a realocação dos alunos que vinham de outras escolas. Contudo, após todos os impasses, iniciou o primeiro dia letivo do Liceu e eu estava lá. Entrei na sétima serie, na sala do canto inferior esquerdo, logo após o laboratório de Biologia. Jamais tinha visto tal arquitetura, por isso os detalhes da memoria.

De fato o Liceu foi planejado para revolucionar o aprendizado. Apesar de só após quase três anos de sua inauguração os laboratórios de Biologia, química, informática e Física terem sidos montados, mas eles estavam lá com todos seus equipamentos. 

Fora que os professores foram escolhidos a dedo. Naquele ano letivo tivemos o prazer de ter tido aula de Marleide, Socorro Bezerra e o querido Romão que em todas suas explicações dizia a tão famosa frase que virou um jargão entre nós alunos: “ VEJA BEM!”.

Por trás dos professores tinha uma excelente diretora. Minha adorável “Tinha Ritinha”. Seu José Acelino era o porteiro, Thiagão (in memória) era o faz tudo. Tinha Leda a vice diretora sempre tão solicita. Dona Carminha sempre sorridente, mas muito rígida. E Dona Fatima? Quantas vezes não despistamos ela? Ou quantas vezes não fomos pegos no flagra por ela? Ah, o livro de ocorrências....

Passei no açude Orós. 2003



Se bem, que no final deu tudo certo. Ao menos todos da minha sala passaram de ano. Então outros professores fomos conhecendo, somava-se com que ali estavam,  Socorro Neri, Pedrão, Corrinha, Onezina. Era a oitava serie e pra falar a verdade, tirando vez ou outra que a “galera do fundão” bagunçava, até que éramos comportados. Aquele ano de fato, foi um momento crucial na nossa formação social e educacional. Mas, firmados no que queríamos ser, o concluímos e demos inicio a todos nossos projetos. Mais tarde a direção da escola passou a Aparecida que por sua competência até hoje está por lá.

Já estamos no terceiro ano de liceu. A turma que começou no sétimo ano, quase não foi alterada. Na verdade eram duas turmas da mesma serie, mas que todos os alunos interagiam da mesma forma como se fossem na sua.




Daqueles alunos que mais chamavam atenção por algum motivo lembro e mantenho laços de amizades até hoje. Por exemplo: Na frente sentava Jamila, tinha Anislaine, Anastácia, Rosana, Rosária, Ali pelo meio da sala sentava, Daiane, Adjane, Edgleuma, Daiana, Norberta, Edneia, Jaqueline, Mikedina, Suiane, Susiane, Veriane, Alessandra, Luana, Samara, Liergila, Alessa, Carlinha, Carla, Geisa, Janicleide, Vanicleia. Os homens ficavam atrás, Kilmer, Helder,Diego, Sandorkan(in Memória), Waguinho, Emerson, Wellington, Antonio Carlos, Alisson, Lucas, Ramon, Marcos, Carlos, Gerbim, Waguinho, Tom, Jefson, Jadson, Jonas, Kleto...

Aí, nesse ano e como eles mesmos costumam dizer: “A dupla de dois”, desembarcam na nossa sala. Pixote com suas aulas pra lá de temáticas nos deixava mais malucos do que ele, porém, aprendíamos de forma lúdica todo seu conteúdo literário e filosófico da sua grade de ensino. O que também se aplicava a seu companheiro de aventuras o “retroles troleres lores”, ou professor Galeno.

Quem dessa turma não lembra do passeio no açude Orós? O professor Sousa, sempre tão elegante também foi nesse passeio. De fato, um dia inesquecível.

No ano que tínhamos que aprender redação, ninguém mais, ninguém menos que Socorro Inácio pra nos ensinar. Mas nenhuma redação ficou tão marcante quanto a de TOM (Everton) – com o titulo: E Lá ia eu...

Edjan e Josemei vieram nos ensinar matemática, Fabiana, química. Ze Nilton, Fisica.

Tivemos Luci, Fatinha, Socorro Rocha e Rita Vital, Jucelio, Meyre, Vanusa, Ana Célia, Ana Paula, Cicero, Marleide, Ivanildo, Bruno e Carlinhos, Ledvan, Ana Lucia e Hercules.
Não éramos a geração coca coca, cantada na musica de Renato Russo, mas queríamos fazer uma revolução. Um grêmio estudantil já havia se formado pelos alunos das series mais avançadas e novas eleições se aproximavam. O então atual presidente tentava a reeleição e a fim de promover nossas ideias, formamos uma chapa que foi encabeçada por mim e concorremos a eleição saindo vitoriosos com o dobro de votos. 804 contra 402.

Nossa gestão começou de forma transformadora e inovadora, de forma que foi modelo para outras escolas da cidade. Conseguimos junto com a direção, promover diversos eventos no universo educacional, esportivo, social. Mas nada ficou tão na memória quanto nossa rádio, que proporcionou intervalos mais atrativo, interativos. A sala do grêmio era o refugio para muitos alunos. No entanto e, por ser um movimento estudantil, naquele recinto havia diversas regras a se cumprir. Por mais que o aluno tivesse ali mantando aula, ali não podia namorar, beber, fazer badernas ou qualquer outro tipo de ação que ia de encontro aos preceitos do colégio. De fato confesso que nunca tive problemas quanto as pessoas que me pedia a chave da sala. A nossa geração ainda era deveras sadia e a educação ainda era uma virtude que se levava muito a risca.



Mexendo hoje nos meus arquivos, encontrei o discurso de quando foi o orador da turma na nossa festa de formatura. Escrevi no final do texto louvando e agradecendo ao senhor Deus todo o caminho percorrido e deixando um recado aos meus colegas. “ Se pararmos por aqui de nada adiantou nossa trajetória”.

Deus ouviu minhas orações e hoje olho para trás e tenho orgulho do meu tempo de colégio, dos meus amigos e amigas, homens e mulheres formados como cidadãos de bem. Pais de família que ensinam seus filhos da forma que aprenderam com o legado que ficou e até  hoje nos envolve como as lembranças do melhor tempo de nossas vidas. 
Tenho saudades...


Silvino José da Cruz Neto – Especialista em segurança publica, Cabo da Policia Militar do Estado do Ceará – Graduado em Administração Publica pela Universidade Estadual do Ceará - UECE

2 comentários:

  1. Valiosa lembrança da nossa segunda "casa". Termino a leitura com lágrimas nós olhos. Sinto a ausência da citação da pequena guerra fria até a oitava série entre a galera do médio que veio do Balbina com a galera do fundamental que veio do Padre Pedro. A feira do Empreendedor que agitou a escola, a Expo Criatividade, os JEBS, as palhaçadas do nosso querido Wertin,e os projetos da aula de Vanda Cabral sempre muito exigente e as raivas que Onezina passava. Parabéns pelo belo texto meu amigo. Tenho orgulho de ter sido desta geração.

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  2. Fantástico! Ótimas lembranças! Fui aluno também, vindo de outra escola. Se não me engano, fiz o 2° e 3° ano do ensino médio ou só o terceiro ano. Vou dar uma olhadas nos documentos para ver se acho algo. Obrigado por compartilhar.

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