quarta-feira, 22 de agosto de 2018

"Mãe eu já vou pra festa de Vaquejada"; Por Acrislaine Pereira

Na semana de aniversário de Brejo Santo, você leitor do Blog, irá acompanhar uma série de matérias sobre o Município. Iniciamos com esse belíssimo texto da brejosantense Acrislaine Pereira, que escreve sobre a vaquejada.

Missa do Vaqueiro - Foto: Igor Madeiro

As Vaquejadas eram a melhor coisa que acontecia aqui, depois das festas de padroeiro! Sempre achei tudo tão emocionante, tão contagiante!

Da calçada de casa, aqui na Rua Joaquim Inácio, eu menina, só observava a movimentação, e como diz o Forró de Raiz, "a poeira sobe e o suor desce" (Os 3 dos Nordeste).  E era assim, viu. 

XXII Grande Vaquejada de Brejo Santo - CE, 1991


Ao longe se via a poeira subindo no final dessa rua, bem atrás de enorme placa, na qual as letras eram pintadas na madeira, com os dizeres: “tal Grande Vaquejada de Brejo Santo".

Lá havia barracões de lona, erguidos sobre estacas, que faziam às vezes de bares, enfeitados com palhas de coco, num modo bem rústico de ser. 

E aqui embaixo, nas ruas, os bares tocavam Forrós, verdadeiros hinos nordestinos, como as músicas de seu Luiz, Jorge de Altinho, Assisão, Eliane... Mais adiante surgiriam as bandas sensação, como Mastruz com Leite, Magníficos, Limão com Mel...

Parque de Vaquejada Zequinha Chicote - Foto: Bruno Yacub












Na rua, os cavalos e seus cavaleiros, e as meninas, que às vezes, pediam pra dar uma voltinha. E os possantes do momento: Fuscas, Rurais, Chevetes, Belinas, Corcéis, Pickup’s... Uma moto perdida aparecia às vezes em meio aos cavalos. E a meninada correndo pra cima e pra baixo.

Depois a vaquejada mudou, mais ou menos pra onde era o SerTão Bom Restô. Uma coisa bem sofisticada, com um palco central, um dance cimentado e arquibancadas onde as pessoas podiam ver as disputas. Nas laterais do palco as barracas de bebidas e comida, se dispersavam, e a novidade eram os desfiles pra escolha das Rainhas do Município e da Vaquejada, respectivamente.

Desfile da Rainha da Vaquejada - 91


Os desfiles eram muito aguardados e aplaudidos na mesma medida. As escolas todas se mobilizavam nesse sentido e as moças que concorreram até hoje são lembradas. Elizabeth Helen quem organizava tudo. Dizia como as meninas se vestirem, como proceder... Orientava até o locutor!

Aquele palco recebeu as maiores bandas e cantores de forró e de músicas em geral. Todas as novidades do momento se apresentaram ali, inclusive as mais antigas e consolidadas, como Reginaldo Rossi e Waldick Soriano, Raça Negra, Jorge de Altinho, Magníficos, Eliane, Alcimar Monteiro, a antiga Banda Magazine, Baby Som, Natureza Lucilante... 

O forró era até amanhecer o dia, assim como lá nas arquibancadas, as disputas acirradas e aplaudidas também viam o sol nascer. 

Pega do Boi no Mato - Foto: Igor Madeiro
De dia a movimentação dos cavalos continuava e antigamente quase todo mundo tinha um e essa era a graça. 
As ruas da cidade, as mais próximas do Parque de Vaquejada, viviam abarrotadas de cavalos,  os bares cheios de gente, de música.  E lá no parque a festa amanhecia e anoitecia e, assim ligeiro, se passavam 03 dias e, de repente  já estava era todo mundo com saudade. 

E o sol de Agosto nunca decepcionou. Deixava e deixa esses dias parecendo um filme de faroeste. Tremeluzindo e ardendo e nós todos, atores nesse palco,  Cowboys-Vaqueiros, de bota, chapéu, gibão, esteira, jaquetas de couro, e quem não tinha, que tratasse de arrumar, por quê em cima de um cavalo, só subia vestido a caráter!

"Vaquejada é a festança do povo nordestino..." (Alcimar Monteiro)

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