segunda-feira, 26 de março de 2018

Memórias da Semana Santa de Brejo Santo, por Fátima Teles


Uma das tradições de Brejo Santo e que ainda está em voga, pelo menos a parte religiosa é a Semana Santa. Assim como no país inteiro, Brejo Santo também se volta nessa semana que contempla o sofrimento e a morte de Jesus.


Lá pelos idos de 80 do Século XX  a Semana Santa tinha inicio com o domingo de ramos. Logo pela manhã cada pessoa que se dirigia  à Igreja Matriz tinha o cuidado de ir não esquecer os ramos retirados dos coqueiros. Como era bom! Lembro-me que já no sábado eu já estava com as palhas de coco dobradas para levar em forma de ramos para a missa do domingo de manhã. 

A tardinha as duas imagens mais bonitas da Igreja do sagrado Coração de Jesus, Jesus com a cruz,  e  Nossa senhora das Dores saiam do seu local cotidiano e iam para as Ruas , para realizarem o encontro entre mãe e filho representando a dor e a paixão de Cristo.

As quintas e Sextas feiras muita gente vinha da zona rural, além das que iam da sede para a Igreja em busca de se confessarem e fazerem novas propostas de ficarem melhores ( não sei se adiantava, como ainda hoje me pergunto se está adiantando).

Na Sexta-feira da paixão a tardinha, por volta das Seis da tarde havia a procissão do senhor morto.Era a vez de retirar a imagem de Jesus morto, que fica guardada e levá-la até o corredor da igreja para que a imagem possa receber o carinho e reverência da população.

Para a juventude o sábado era o dia mais esperado. A missa de sábado de aleluia reunia centenas de pessoas e a grande maioria que estava ali se dirigia ao Brejo Santo União Clube para a festa dançante.

Antes da missa de aleluia,muita gente ia até a praça Padre Pedro, pracinha que fica ligada a Matriz. ali era um encontro da juventude e novas amizades também eram feitas nas conversas da pracinha da igreja Matriz.

Aos arredores da Igreja e principalmente defronte a sacristia haviam as bancas de Kisuco e bolos . Maçãs do amor, sorvete de copinho( apelidados de sorvete do parque).Como era bom e várias bancas de bombons.

Ainda íamos dar uma voltas nas três Praças do Centro , Praça Dionísio rocha de Lucena e Praça do Jacaré.Andávamos em grupos de amigas e depois de algumas voltas tínhamos de parar entre uma Praça e outra para comprar a famosa pipoca de Dora, pipoca com manteiga da terra. Era uma delícia.

Terminada a missa nos dirigíamos ao Clube e lá era um novo encontro com a música, a alegria, as amizades, e possíveis namoros. Quantos namoros não começaram nas festas de aleluia de Brejo santo e terminaram em casamento.Com certeza, muitos...

Atualmente a festa dançante não há mais no Clube. Os valores hoje são outros. Muitas pessoas viajam e outras gostam de estar em suas casas. Os estudantes de outrora contavam os dias para passarem o feriado em Brejo santo. Os estudantes dessa nova geração já não se encantam com o feriado no interior. Preferem ficar nas capitais onde estão estudando.

A tradição religiosa ainda existe da mesma forma e eu deixo um pouco das lembranças e fotos para vocês saberem um pouco da nossa história municipal.




Fátima Teles, professora Formadora da Área de Ciências Humanas da secretaria Municipal de Educação de Brejo Santo-CE, Assistente Social, Escritora e Poeta.
Blog da Fatinha: Blog da Fatinha Teles

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