Cordel escrito pelo Brejosantense, Professor Wagner David Rocha.
Mateus Silva agradece a Wagner pela colaboração ao Blog no mês em que Brejo Santo completa seus 127 anos de emancipação política.
(Foto: Divulgação)
APRESENTAÇÃO
Brejo Santo é uma cidade
Nacionalmente conhecida
Mas listar aqui os motivos
Não é o que se objetiva.
Aqui vou falar da origem
Desta cidade nordestina.
Por isso, amigo(a) leitor(a)
Preste bastante atenção
Nesta lenda encantadora
Que se afirma na tradição
E que através da poesia
Eu faço a minha narração.
Num
tempo muito distante
E
difícil de precisar
Viviam
nessas belas terras
Do
extremo sul do Ceará
Os
bravos índios Cariris
Únicos
habitantes do lugar.
Conviviam
com a natureza
Numa
perfeita harmonia.
Moravam
em ocas de palha
E
da terra tiravam comida.
Sobreviviam
da agricultura,
Da
caça e da pescaria.
Mas
os índios não sabiam
Que
o tempo ia passando
E
a mudança ali chegaria
Através
do homem branco
Que
em busca de riquezas
O
interior foi explorando.
Num
lugar bem perto dali
Hoje,
chamado Porteiras
Morava
uma viúva baiana
Inteligente
e trabalhadeira
Seu
nome é Maria Barbosa
Mulher
de fibra e hospitaleira.
Juntamente
com seus filhos
Cuidava
da sua propriedade.
Se
dedicava à agricultura
Sem
preguiça e com verdade
Criava
muitos animais
E
deles tinha grande vaidade.
Durante
uma seca medonha
Que
atingiu toda a região
Trazendo
escassez de água,
O
sofrimento e a desolação,
Foi
acabando aquela fartura
De
animais e de plantação.
Muitos
dos bichos morreram
De
fome e desnutrição.
Outros,
aos poucos viraram
Alimento
de única opção.
Teve
também os que fugiram
Em
busca de alimentação.
Foi
nesse clima de tristeza
E
de muita preocupação
Que
Dona Maria Barbosa
Numa
atitude de precaução
Conferia
o que ali restava
Para
fazer sua previsão.
E
foi num destes secos dias
Que
ela sentiu que faltava
Alguns
porcos no seu terreiro
E
vendo que não encontrava,
Ordenou
aos seus escravos
Que
procurassem pela estrada.
Ao
caminharem sem destino
Depois
de alguns longos dias
Os
porcos foram encontrados
Dando
aos escravos alegria
De
poder voltar para casa
Com
os bichos e a boa notícia.
Quando
D. Maria Barbosa
Viu
chegar a sua comitiva,
Elogiou
os seus escravos
E
demonstrou muita alegria.
Mas
como era muito esperta
Viu
logo o que ninguém via.
Um
sinal mais do que claro
De
que nascia a esperança:
Os
mocotós dos seus porcos
Estavam
todos sujos de lama.
Era
certa a presença de água
Ali
perto daquela estância.
E
sem pensar duas vezes
Querendo
saber onde era,
Mandou
os escravos de volta
Sem
puxar muita conversa.
Dar
fim aos efeitos da seca
Ela
queria e tinha pressa.
Seguindo
a mesma trilha
De
onde os animais estavam,
Um
pouco mais adiante
Os
escravos encontraram
Uma
nascença de água boa
E
para casa logo voltaram.
Contaram
tudo à viúva
Em
riqueza de detalhes.
Que
a terra descoberta
Tinha
água e bons ares,
Despertando
na patroa
Diversas
possibilidades.
Após
ouvir seus escravos
Com
toda a sua atenção
Ela
não teve mais dúvida
Tinha
encontrado a solução
Era
tudo que ela queria
Viver
com melhor condição.
A
viúva Maria Barbosa
Tinha
prestígio político
Pediu
a posse das terras
E
o pleito foi atendido
Mudou-se
para o lugar
Onde
tudo seria tranquilo.
Com
a mudança instalada
Maria
Barbosa percebeu
A
terra era muito extensa
E
uma divisão procedeu
Separou
em duas metades
Uma
para cada filho seu.
Restaram
dois sítios grandes
Que
a nova dona os batizou
Sítio
Nascença e Sítio Brejo
Que
aos poucos se valorizou
Ficaram
logo bem conhecidos
Por
todo o povo que ali passou.
Com
a morte da matriarca
Os
sítios ficaram de herança
Para
os dois filhos varões
Da
saudosa viúva baiana
Que
apesar da falta da mãe
Nunca
perderam a esperança.
Francisco
Pereira de Lima
Era
um dos dois irmãos.
Ele
herdou o Sítio Brejo
E
ali continuou a missão.
Do
outro filho de D. Maria
Não
tem muita informação.
A
tradição apenas registra
De
forma bem misteriosa
Que
herdou o Sítio Nascença
E
vendeu sem muita demora.
O
nome do novo proprietário
É
Gonçalo de Oliveira Rocha.
Francisco
Pereira de Lima
Pra
honrar a mãe saudosa
Mudou
o nome do seu sítio
Para
o Brejo da Barbosa
E
casou com distinta moça
Que
se chamava Teodora.
Gonçalo
de Oliveira Rocha
Homem
de muitos planos
Era
dono do Sítio Nascença
E
pai dos nove irmãos Santos
Que
depois foram os donos
Das
terras de Brejo Santo.
A
partir dessas duas famílias
A
comunidade foi crescendo.
Os
filhos de uma e de outra
Se
uniram em casamentos
E
o patrimônio das duas
Ficaram
num só documento.
Mas
o nome mais conhecido
Na
região, nos quatro cantos
Como
importante referência
Para
chegar naquele recanto
Foi
o daqueles nove irmãos
Chamados
de irmãos Santos.
Se
o sítio tinha outros donos
Todo
mundo foi batizando
O
lugar com o nome deles
E
o povo inteiro foi chamando
Aquela
grande porção de terra
De
Sítio Brejo dos Santos.
O
lugarejo foi crescendo
E
atraindo mais moradores.
Gente
unida, inteligente
E
de bons articuladores
Que
com muito trabalho e fé
Foram
grandes conquistadores.
Sua
emancipação política
Foi
notícia em todo canto
26
de agosto de 1890
É
a data deste marco e tanto
Finalmente
com a toponímia
Simplificada
para “Brejo Santo”.
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