sexta-feira, 4 de agosto de 2017

CORDEL - BREJO SANTO E A SUA ORIGEM LENDÁRIA

Cordel escrito pelo Brejosantense, Professor Wagner David Rocha. 
Mateus Silva agradece a Wagner pela colaboração ao Blog no mês em que Brejo Santo completa seus 127 anos de emancipação política.
(Foto: Divulgação)

APRESENTAÇÃO

Brejo Santo é uma cidade
Nacionalmente conhecida
Mas listar aqui os motivos
Não é o que se objetiva.
Aqui vou falar da origem
Desta cidade nordestina.

Por isso, amigo(a) leitor(a)
Preste bastante atenção
Nesta lenda encantadora
Que se afirma na tradição
E que através da poesia
Eu faço a minha narração.

Num tempo muito distante
E difícil de precisar
Viviam nessas belas terras
Do extremo sul do Ceará
Os bravos índios Cariris
Únicos habitantes do lugar.

Conviviam com a natureza
Numa perfeita harmonia.
Moravam em ocas de palha
E da terra tiravam comida.
Sobreviviam da agricultura,
Da caça e da pescaria.

Mas os índios não sabiam
Que o tempo ia passando
E a mudança ali chegaria
Através do homem branco
Que em busca de riquezas
O interior foi explorando.

Num lugar bem perto dali
Hoje, chamado Porteiras
Morava uma viúva baiana
Inteligente e trabalhadeira
Seu nome é Maria Barbosa
Mulher de fibra e hospitaleira.

Juntamente com seus filhos
Cuidava da sua propriedade.
Se dedicava à agricultura
Sem preguiça e com verdade
Criava muitos animais
E deles tinha grande vaidade.
Durante uma seca medonha
Que atingiu toda a região
Trazendo escassez de água,
O sofrimento e a desolação,
Foi acabando aquela fartura
De animais e de plantação.

Muitos dos bichos morreram
De fome e desnutrição.
Outros, aos poucos viraram
Alimento de única opção.
Teve também os que fugiram
Em busca de alimentação.

Foi nesse clima de tristeza
E de muita preocupação
Que Dona Maria Barbosa
Numa atitude de precaução
Conferia o que ali restava
Para fazer sua previsão.

E foi num destes secos dias
Que ela sentiu que faltava
Alguns porcos no seu terreiro
E vendo que não encontrava,
Ordenou aos seus escravos
Que procurassem pela estrada.

Ao caminharem sem destino
Depois de alguns longos dias
Os porcos foram encontrados
Dando aos escravos alegria
De poder voltar para casa
Com os bichos e a boa notícia.

Quando D. Maria Barbosa
Viu chegar a sua comitiva,
Elogiou os seus escravos
E demonstrou muita alegria.
Mas como era muito esperta
Viu logo o que ninguém via.

Um sinal mais do que claro
De que nascia a esperança:
Os mocotós dos seus porcos
Estavam todos sujos de lama.
Era certa a presença de água
Ali perto daquela estância.




E sem pensar duas vezes
Querendo saber onde era,
Mandou os escravos de volta
Sem puxar muita conversa.
Dar fim aos efeitos da seca
Ela queria e tinha pressa.

Seguindo a mesma trilha
De onde os animais estavam,
Um pouco mais adiante
Os escravos encontraram
Uma nascença de água boa
E para casa logo voltaram.

Contaram tudo à viúva
Em riqueza de detalhes.
Que a terra descoberta
Tinha água e bons ares,
Despertando na patroa
Diversas possibilidades.

Após ouvir seus escravos
Com toda a sua atenção
Ela não teve mais dúvida
Tinha encontrado a solução
Era tudo que ela queria
Viver com melhor condição.

A viúva Maria Barbosa
Tinha prestígio político
Pediu a posse das terras
E o pleito foi atendido
Mudou-se para o lugar
Onde tudo seria tranquilo.

Com a mudança instalada
Maria Barbosa percebeu
A terra era muito extensa
E uma divisão procedeu
Separou em duas metades
Uma para cada filho seu.

Restaram dois sítios grandes
Que a nova dona os batizou
Sítio Nascença e Sítio Brejo
Que aos poucos se valorizou
Ficaram logo bem conhecidos
Por todo o povo que ali passou.




Com a morte da matriarca
Os sítios ficaram de herança
Para os dois filhos varões
Da saudosa viúva baiana
Que apesar da falta da mãe
Nunca perderam a esperança.

Francisco Pereira de Lima
Era um dos dois irmãos.
Ele herdou o Sítio Brejo
E ali continuou a missão.
Do outro filho de D. Maria
Não tem muita informação.

A tradição apenas registra
De forma bem misteriosa
Que herdou o Sítio Nascença
E vendeu sem muita demora.
O nome do novo proprietário
É Gonçalo de Oliveira Rocha.

Francisco Pereira de Lima
Pra honrar a mãe saudosa
Mudou o nome do seu sítio
Para o Brejo da Barbosa
E casou com distinta moça
Que se chamava Teodora.

Gonçalo de Oliveira Rocha
Homem de muitos planos
Era dono do Sítio Nascença
E pai dos nove irmãos Santos
Que depois foram os donos
Das terras de Brejo Santo.

A partir dessas duas famílias
A comunidade foi crescendo.
Os filhos de uma e de outra
Se uniram em casamentos
E o patrimônio das duas
Ficaram num só documento.

Mas o nome mais conhecido
Na região, nos quatro cantos
Como importante referência
Para chegar naquele recanto
Foi o daqueles nove irmãos
Chamados de irmãos Santos.




Se o sítio tinha outros donos
Todo mundo foi batizando
O lugar com o nome deles
E o povo inteiro foi chamando
Aquela grande porção de terra
De Sítio Brejo dos Santos.

O lugarejo foi crescendo
E atraindo mais moradores.
Gente unida, inteligente
E de bons articuladores
Que com muito trabalho e fé
Foram grandes conquistadores.

Sua emancipação política
Foi notícia em todo canto
26 de agosto de 1890
É a data deste marco e tanto
Finalmente com a toponímia
Simplificada para “Brejo Santo”.

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